segunda-feira, 30 de abril de 2012

A imaginação fértil de um Vagomestre


Encontrei no meu arquivo da "Guerra da 2504", um recibo cuja história não recordo. Por se tratar de almoços, enviei uma cópia a um vagomestre, o Fernando Santos da 2505.

Armado em Sherlock Holmes e mesmo sem lupa, não tardou a deslindar o mistério à sua maneira.
Será Verdade? Será Mentira? Sinceramente não faço a mínima ideia.
Mas aqui vai a descrição sem tirar nem pôr. 
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O Furriel que andou “desenfiado”...
Um camarada Furriel, tinha passado férias, no “puto”, depois de um ano complicado na guerra de Angola, dividido entre a intervenção na rede de Luanda e o Dange. As férias tinham sido ótimas, onde confraternizou com familiares, amigos e a namorada que tinha deixado na terra, situada em NINE, nesta bonita zona do nosso país (ver mapa da região), mas passaram rápidas.

 
 
De regresso a Angola, a sua companhia encontrava-se no mato, e o Furriel não lhe apetecia regressar aquelas paragens, já que o fim daquela missão, estava preste a terminar, e o seu regresso a Luanda estava para breve. Então começou por a fazer conjeturas, “se me apresento no Batalhão, mandam-me para junto da minha companhia, ou em alternativa, fico no batalhão, e tenho de pagar essa estadia com inúmeros serviços”. 
           
Pensou então: “e se não me apresentar? Tenho uns amigos em Luanda, com um apartamento que posso dividir com eles e assim livro-me de ir para o mato e dos serviços no batalhão”, e se bem pensou melhor o fez, mas existia uma dificuldade, não tinha dinheiro para a alimentação, rapidamente resolveu o problema, conhecia o Furriel gerente da messe de oficiais e sargentos do batalhão, seria fácil convencê-lo a facilitar essa pretensão, e tomar as refeições na messe, falou com o camarada, e ficou tudo acertado.
Dormia até meio da manhã, levantava-se e apanhava o machimbombo militar na Mutamba e dirigia-se à sede do batalhão no Grafanil, onde conforme o combinado, saboreava as magníficas refeições, que eram ali servidas, ao fim da tarde voltava a tomar o mesmo transporte de regresso a Luanda para as noitadas com os amigos, e assim passaram 20 dias, antes do regresso da companhia, decorrido esse tempo, apresentou-se para retomar a sua atividade normal.
             
-          Mas, acontece que o camarada Furriel, gerente da messe, o procura e diz-lhe:
“     Oh camarada ainda não pagaste as refeições que tomaste na messe”.
-          O camarada Furriel perguntou:
-          “Então, mas tenho de pagar?”.
-          O camarada Furriel, gerente da messe, respondeu:
-          “Claro, camarada, andaste “desenfiado” e ainda querias comer à borla?”
E assim o camarada furriel não teve outro remédio senão pagar a dívida (ver recibo).