sábado, 28 de abril de 2012

O ponto de mira


 Caldas da Rainha no Regimento de Infantaria  ( R.I.5 )

Aqui assentei praça.
Pouco mais fizemos neste quartel, além de marchar, marchar, e marchar.
O 1º de Maio estava próximo e tínhamos de desfilar nesse dia.

Até existir o desejado sincronismo de movimentos, usamos e abusamos da Ordem Unida.
Quando tudo parecia bem, lá tínhamos de repetir a dose porque à frente, aos lados ou ao fundo, havia sempre um esperto ou um parvo “desatento” que se salientava do grupo.


Na madrugada do dia 1 de Maio fomos em coluna militar, para as Caldas para Coimbra.

No quartel, precisei de ir ao wc.
Reparei que as instalações estavam imundas, com o chão inundado e logo surgiu um pequeno problema: Onde posso pousar a G3?

Não havia cabide na retrete, mas reparei na bolinha de ferro do fecho da porta. Tinha de me desenrascar. Foi aí mesmo que pendurei a minha arma. Nesse instante ouvi um “plim” que me deixou apreensivo.

Após o fax enviado, descobri a causa do "plim".
Tinha pois, acabado de delapidar um património da guerra:
por ser de aço, parti o ponto de mira da minha G3.

 Já na Caldas e para me desenrascar, telefonei ao meu irmão mais velho.
Por indicação dele, que na altura também estava na tropa em Sacavém, fui (pela 1ª vez) visitar a feira da ladra em Lisboa.
Verifiquei aí que, além de fardamentos da tropa que sobressaiam, podia comprar quase todo o tipo de armamento.
Pareceu-me que se quisesse, podia trazer um tanque de guerra “às peças”.

Em resumo: Desenrasquei-me e tive sorte porque não foi essa a arma que me acompanhou durante a guerra. Com aquela, nunca mais consegui acertar na “mouche”.

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