segunda-feira, 4 de julho de 2016

De "regresso" ao LUNGUEBUNGO

Aqui há dias na companhia da minha Rosa Augusta, dizimei um indefeso robalo grelhado no restaurante da Associação de Fuzileiros aqui no Barreiro.


Certo. E depois? Pergunta o leitor.



A coisa só é notícia porque desta vez calhou irmos no dia da música ao vivo.

Também influenciado pela decoração deste estabelecimento com diversos motivos náuticos, ao ouvir músicas do Roberto Carlos tocadas e cantadas por um jovem grupo da terceira idade, sem querer por instantes viajei no tempo, e "à mesa" fui parar ao meu acampamento no Lunguebungo situado na picada “Luso-Gago Coutinho”.


Fuzileiros do Lunguebungo



Lungue-Bungo - 1973 - Quartel dos fuzos - Foto de António Jacinto
Foram diversas as vezes que com eles o meu pelotão jogou à bola.

Comparando com o Meu tempo "foto abaixo"
 vemos que 3 anos depois "foto acima"
o ervado e o campo de futebol "parece que" foram totalmente desprezados



 Visitamos e convivemos com estes fuzos “estacionados” mesmo ao lado da ponte nas margens do rio com o mesmo nome. E tal como acontecia na nossa RÁDIO POP, também o Roberto Carlos era dos preferidos do "Djay" que na altura manobrava a acústica dos altifalantes da parada.




Como já descrevi em pormenor numa história (http://ccac2504.blogspot.pt/2012/07/mais-uma-do-meu-pelotao.html)
aqui neste Blogue, permanecemos algumas semanas nesta povoação para dar protecção à J.A.E.A. (Junta Autónoma das Estradas de Angola) que “construía” uma pista de aviação.






Dado a relativa importância dos residentes "excluindo o descalço, simpático e humilde Sóba", rapidamente se chega à conclusão que a pista só servia para "além do governador do distrito", os chefões fuzos irem sem correr riscos e de cú tremido, visitar os operacionais.

Sóba
(O representante do governo)*


Nos dias de hoje através das difusas imagens "nesta zona" do Google Hearth, verificamos com dificuldade que da famigerada pista nota-se a sua abandonada existência, e do Quartel, nem vestígios.


Um dia espero fazer uma visita à Escola de Fuzileiros do Vale de Zebro "aqui bem perto de onde moro" na tentativa de saber algo sobre o fim* daquele quartel.
Durante mais de 30 anos, passei duas vezes por dia à frente da porta de armas deste quartel, na ida e na volta do meu trabalho na Siderurgia Nacional do Seixal. Foram várias as vezes que tive de parar o carro para deixar passar "o pessoal" que atravessava a estrada direito à carreira de tiro na Mata da Machada ou vice-versa, bem como no içar da bandeira, etc.

Cheguei também a levar a minha filha quando pequenita,  para aprender a nadar na piscina aquecida que possuem. Recordo também os fuzos, quando descrevo o meu "único" acidente de carro....tok tok.

E porquê?



Porta d'armas

Porque soube que no fim-de-semana existiu um atropelamento fatal em frente aos fuzileiros.
*****

Uma vez mais de manhã e de carro dirigia-me para o trabalho.
O dia era de chuva.
Ainda ao longe reparei que um autocarro estava parado um pouco à frente da porta d'armas.
"se calhar foi aquele...Pensei"

O trânsito era lento. Ao passar por ele olhei, e não notei mazelas na frente e não resisti sem olhar de novo pelo espelho retrovisor para inspeccionar a traseira.
Assim fiz. Mas...
Quando olhei em frente, reparei que a "bicha" estava parada, instintivamente travei a fundo.
Com o piso escorregadio de imediato senti um...PUM.

Ouvi barulhos metálicos e pareceu-me até, ver umas cuecas no ar.
Incrédulo, não estava a entender o que acontecera.
Felizmente que levava os vidros das portas fechados por causa da chuva, pois uma senhora despenteada "surgindo do nada" com ar de poucos amigos, gesticulava ferozmente e falava algo que imaginei ser do piorio.

Decorrido uns segundos, apreensivo, abri a porta e saí pedindo mil desculpas.
Com a ajuda do marido a senhora acalmou-se um pouco e descreveu-me o acidente.
Pelos vistos Eu tinha acabado de “empurrar” a Lambreta cerca de meio metro, que o marido conduzia com ela atrás, sentada. Culpava-se um pouco, pois viajava sem estar agarrada porque levava em cada mão um saco de plástico com os almoços dos dois.
Por isso mesmo foi inevitável, a cambalhota à retaguarda que fez por cima do pneu sobressalente.
Uma semelhante
Toda molhada e suja, dizia não necessitar que a conduzisse ao hospital e o maior problema era terem ficado sem o almoço.
Rapidamente solucionei isso, oferecendo-lhes duas senhas Tickets Restaurante das minhas.
Depois de agarrarem as marmitas vazias que rebolaram pela estrada, verificamos que só parti o vidro traseiro da luz de stop da Lambreta. O casal dizia que os estragos eram insignificantes, mas... ainda bem que accionei o seguro.
Um pouco mais havia para contar… mas termino por aqui. 


(um pequeno vídeo)
 

(**) - Não me custa nada admitir, que no abandono "depois da Independência" tenham utilizado a técnica (ou tática) da Terra queimada* e pura e simplesmente tenham demolido todas as infraestruturas, não deixando rastos, ou pedra sobre pedra.

4 comentários:

  1. Parece-me que o aquartelamento onde esteve a 2505, do lado direito da imagem, ainda lá está, agora com mais alas.

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  2. Respostas
    1. Oi camarada. Bem vindo por cá.
      Dado as horas da tua intervenção, aconselho-te a visionares de novo esta página, pois “corrigi” à pouco alguns pormenores do acidente e não só…
      Com respeito ao acampamento, sinceramente nos “supostos edifícios” que se notam no Google, não consigo dizer o que são.

      Sei que depois de sairmos do Lucusse direito a Gago Coutinho, a certa altura do lado esquerdo fazia-se a tal pista de aviação e de seguida aparecia a ponte do rio. Depois de a atravessar, no lado esquerdo ao pé da água existia o quartel dos fuzos, e no direito o campo de futebol.
      Continuando para o lado de Gago Coutinho, seguia-se um grande espaço sem “casas” e lá à frente do lado esquerdo existia o “quimbo” e no direito o grande estaleiro rectangular da JAEA. Contíguo a esse, um pequeno quadrado com uma pequena construção em alvenaria onde cabia uma cama de um lado e do outro duas, em beliche. Na sozinha dormia o alferes Costa e no beliche dormiam Eu e o furriel Brito. Toda a restante rapaziada dormia nas tendas.

      Esta é a ideia que tenho… Estarei errado? Talvez sim talvez não.

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    2. Estás a falar do estaleiro da Tecnil que estava a seguir à casa do Fonseca, do lado direito na direção Gago Coutinho?

      No tempo da 2505 o estaleiro ficava na retaguarda a uns 150 metros. Havia algumas construções em pedra que serviram como dormitório de oficiais e sargentos (4 por casa), o capitão e o engenheiro da JAEA tinham um quarto cada um. Havia uma divisão para o material, outra para os mantimentos e artigos de cozinha. Depois construímos um armazém onde instalámos a messe. As praças ficavam em grandes tendas

      Muitas destas instalações foram construídas com a ajuda do pessoal da Tecnil. Talvez ainda não existissem no tempo que passaste no Lunguébungo (anterior à nossa estadia nesse local).
      Aquilo que venho dizendo, pode ser observado por fotos dum amigo furriel, da companhia que nos rendeu, com a destruição provocada por um temporal que por lá passou, em 1972. O Link do post: http://ccac2505.blogspot.pt/2012/12/recordar-o-lungue-bungo.html

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